Sorrisos, cigarros e memórias

Julhy Van Den Berg

Trago o cigarro na esperança de acalmar os ânimos da euforia que muitas vezes é confundida com a ansiedade, da felicidade de bons dias, e da tristeza dos dias cinzas que tanto me assustam.
Minha boca toca o filtro, puxa o fumo e meu peito relaxa, mas as lágrimas caem e me toco da importância de não coloca a nicotina no meu corpo, tarde demais. Fuçando as caixas de memórias, que minha mente guarda de uma maneira nada aprovada por Marie Kondo, meu peito acalma e todos os demônios se calam.
O ontem vai se repetir, amanhã vai passar e hoje é importante também.
É engraçado como tem memórias que pregam na gente, meu corpo ainda se arrepia inteiro toda vez que me recordo da voz rouca, do gemido que sai entre os lábios e caiam no meu ombro. Talvez eu precise iniciar a prática de abraçar, agradecer e deixar essa recordação ir, no entanto é gostosa demais pra largar.
Então eu beijo outro cigarro para descansar meus lábios do sorriso besta que minha boca não resiste em arreganhar, toda vez que topo com essas memórias no início, meio ou fim do dia.

Surpresa!

Julhy Van Den Berg

Eu não esperava.
Eu não te esperava.
Mas ainda assim tu veio, entrou, lambeu, chupou, abraçou, beijou e me encantou!
E agora eu te quero.
Te quero de novo, naquelas últimas horas.
Te quero hoje, te quero amanhã.
Deitada nas minhas costas, sentindo tua respiração.
Pode vir, estou aqui, te esperando, como nunca te esperei antes.

Oi, como vai a vida?

Julhy Van Den Berg

A vida hoje tem cheirinho de café pela casa, pernas pra cima, dança estranha, banho longo, soninho da tarde, noite e manhã.
A vida hoje tem um gosto, que não é aquele amargo, é doce, salgado, cítrico.
Tem cerveja na geladeira.
Tem um peito relaxado, uma respiração mais calma.
Tem amor acordando na cama, no banho e na cozinha fazendo comidinha.
Tem amigo batendo na porta, carregando sorriso no rosto e abraço apertado.
Tem eu.
A vida hoje tem muita felicidade.

Vá, mas volte logo

Julhy Van Den Berg

Eu não te quero
Não te quero feliz
Te quero diferente
Diferente dos outros
Diferente de todos
Te quero transbordando
Em pura felicidade
Seja a 1mm ou a uma milha de distância
Te quero feliz
Independente do que custe
Do que doa
Do que mude, transforme
Te quero feliz, sorrindo, ali, aqui, acolá
Porque foi pra isso que tu veio
Que tu vai
Pra sorrir
Chorar
Gargalhar

15/08, o dia que a saudade foi grande demais

Julhy Van Den Berg

Oi, outro dia senti tua falta… Falta do teu sorriso, das tuas esquisitices e teorias confusas, bateu saudade do teu carinho, do aconchego que era deitar no teu colo.
Me mostraram uma música e parecia que conseguiam enxergar através de mim, podendo ver os meus pensamentos chegando até você, pois era a música dos domingos preguiçosos, dos cafunés intermináveis, dos copos de cerveja, das tigelas de chocolate ou sorvete e de nós duas deitadas vendo filmes ou séries que nunca íamos terminar, sabe por que? Ou eu dormia ou me perdia nos teus beijos.
Terminei aquela série, estou esperando a próxima temporada e me deu uma vontade enorme de comentar contigo. Fiz tatuagens novas, queria que você estivesse comigo, mudei o meu quarto e não pude te mostrar. Fica até meio doloroso às vezes essa distância necessária, mas tudo bem, passa né?
Fiz aquele passeio que tanto combinamos, aquele lance de explorar a natureza, relaxar dentro d’água, fazer comidinhas e das risadas na roda de amigos, nossos amigos.
É, bateu saudade de ti e dos dias contigo e ela foi tanta que tive que conter as lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos.

Of Monsters and Men – King And Lionheart

Coração Vazio

Julhy Van Den Berg

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Eu vejo um coração e ele está vazio, como aquele copo café, ou melhor, de água! Aquele que tu tomas depois de despertar com ressaca. Beberam tudo o que havia dentro dele, tiraram o meu recheio? Sugaram todo o sangue.
Eu vejo um coração e ele está vazio. Em frente ao espelho arreganha-se os dentes e os avalia. Brancos? Ok! Fortes? Ok! Alinhados? Ok! Saboreia os próprios lábios antes de se retirar e transponha-se para fora da casa.
Eu vejo um coração e ele está vazio. Arestas ligeiramente surradas, saturadas, desgastadas de maneira que pareceram ser forçadas de dentro para fora. Foram os habitantes dali que simplesmente acabaram com a real forma daquele coração? Que no momento se encontra vazio.
Vazio está o coração e a alma. Lacunas e lacunas entre um ponto e outro, essas são incrivelmente profundas e adivinhe? Vazias.
Arreganha-se os dentes e o povo vê tudo. Mas o que eu vejo?
Eu vejo um coração e ele está vazio.