Ei, o que é amor?

Julhy Van Den Berg

Já pensei que sabia o que era amor várias vezes, mas toda vez topo com algo que me mostra que não sei de nada. Na mais simples explicação eu diria que amor é quando o mundo vira todo de cabeça pra baixo e tu fica ali voando e rindo de tudo o que o outro faz.
Amor é sentir as borboletas no estômago – o que é um sentimento horrível, mas no amor é bom – e ficar feliz, é não ter certeza do amanhã e sair correndo sem rumo.
Amor é querer gritar, pular, deitar, ficar quietinho, querer tudo e nada. Querer voar pelo mundo, porque estamos flutuando, ESTAMOS AMANDO e ao mesmo tempo querer ficar ali, paradinho, vendo o outro cortar as unhas do pé!
Amor é não parar de pensar no outro e não achar isso doentio, porque poxa vida, é AMOR NÉ?
Amor é a doença mais gostosa que podemos ter.

Vem aqui!

Julhy Van Den Berg

Amor pra lá, amor pra cá! Quer falar de amor?! Primeiro me diz, tu te ama? Tu te respeita? Tu te cuida?
Se a resposta pra alguma dessas perguntas for não, então pode dar meia volta e ir embora!
Eu te amo! Eu te quero!
Tu sabe bem a o significado dessas palavras? Ou tu só vomita elas pra ficar mais bonito?
Tu é capaz de passar por cima das tuas mágoas, raivas e birras só pra poder ficar bem primeiro contigo e depois com o outro?!
Se a resposta pra alguma dessas perguntas for não, então pode dar meia volta e ir embora!
Tu já se arrependeu DE VERDADE das coisas que fez de errado?! Já pediu desculpa do fundo do peito porque não queria ter feito aquilo?
Se a resposta pra alguma dessas perguntas for não, então pode dar meia volta e ir embora!
O que tu sente por mim? Por ele? Por ela?! É AMOR?
Se a resposta pra alguma dessas perguntas for sim, então pode entrar, me abraça, me beija… Eu tava morrendo de saudade de ti!

Você me obrigou a te expulsar da minha vida

Julhy Van Den Berg

Eu fiz de tudo pra te manter aqui comigo, do meu lado e você só escorregava, fugia, corria, quantas vezes tive que gritar aos quatro ventos, perguntar nas esquinas até saber onde foi parar o meu amor. Opa, meu não! Você era de todo mundo, menos o meu amor. Você foi do Zé, da Maria, do Carlos, da Ana… De Todo mundo, mas menos minha!
Dai um dia eu quis ir embora, e diferente de você pedi educadamente para partir, seguir a estrada sozinha, falei que voltaria e talvez nem demorasse muito, antes ainda fiz questão de falar o quanto sentiria sua falta, de como tu eras maravilhosa, que não te queria mal e nem nada, mas ficar estava me machucando tanto, que não dava mais.
Você não me respeitou, insistiu em estar presente, me procurou, me ligou, mandou fotos e mensagens, me enchendo de vontade tua, de saudade tua e quando pensei que não iria piorar tu me encheste de esperança, meu peito batia forte de novo e toda a dor que senti sumiu. Tentei ser forte, sabe?
Te olhei nos olhos e falei “Por favor, me deixa ir”
Então chegou um momento que eu simplesmente tive que te jogar porta a fora, pois não havia mais paixão nos teus olhos e nem nos meus, queria teu beijo, mas ele sempre vinha com um gosto amargo de final. Tuas mensagens sempre chegavam nas horas emergenciais, as tuas! Dificilmente as minhas.
Você parou de ser aquela maravilha que meus olhos pintavam no início. Quis maquiar todas as coisas ruins, mas não dava mais, todos os meus recursos se esgotaram, fui me tornando uma pessoa que sempre temi e estávamos nos tornando algo que sempre abominei.
Então, um dia eu te expulsei da minha vida, e o pior é que doeu mais em mim, mas uma hora vai parar de doer, passarei por você e esse embrulho que sinto no estômago não existirá mais. Expulsei você e era tudo o que eu não queria fazer.

A homofobia existe sim!

Julhy Van Den Berg

É engraçado como as pessoas enchem a boca pra dizer “Não existe esse negócio de homofobia”, sinto lhe informar, mas ela existe SIM! E só quem passa sabe. Ela existe na sua fala de “aceito, não tenho nenhum preconceito”, isso só até o momento de não ser com algum filho ou parente seu, não é mesmo? Já cansei de andar na rua e ver pessoas olhando torto, julgando pelo que visto e não por quem sou.
E agradeço todos os dias nunca ter sofrido algo que me marcasse na memória*, porém conheço pessoas que não tiveram a mesma sorte que eu e sentem essa dor de sofrer LGBTfobia.
E também das pessoas que falam: “Porque usar essa roupa? Coloca um vestido, vai ficar mais feminina” Usa uma maquiagem menina, só pra eu ver como vai ficar”; “Já pensou em tentar mais um pouco? Vai que tu acha um rapaz legal…”
Acontece que eu não quero achar um “rapaz legal”, aliás, eu nunca cogitei achar esse tal rapaz legal. O que eu quero? Eu quero ficar em paz, sendo eu… Sacou?! Se você não tá confortável com isso, cala a porra da sua boca, mano, fica na tua e não fala do que você não tem propriedade. Talvez por todos esses seus comentários ridículos que eu tenha demorado tanto tempo pra me aceitar, contar pras pessoas e parar de ter vergonha de tudo!
Um dos dias mais legais da vida, depois que me assumi foi quando vinha andando de mãos dadas com uma garota, talvez eu estivesse com o maior sorriso de todos no rosto, porque ela era maravilhosa… E pra minha surpresa uma mulher gritou “QUE LINDAS, VIVA O AMOR!”, eu NUNCA imaginei que escutaria isso um dia.
O sentindo desse texto existir é que todos os dias várias pessoas são espancadas, mortas, estupradas, enfim, sofrem todo e qualquer tipo de violência, seja ela física ou verbal! E o mundo fecha os olhos pra isso, porque “ninguém é obrigado a aceitar tudo”, cara me desculpa, mas me faça um favor e vá se foder! Você e todo o seu preconceito.
Essas coisas vão parar de acontecer? Não. As pessoas vão parar de odiar? Não. Mas a gente pode tentar fazer diferente, não se calar, não aceitar o ódio alheio, não ignorar isso ou aquilo. Respeito é um direito meu e seu, eu respeito seus óculos espelhados e sua bermuda de surfista, então aceita minha diferença também, ok queridão/queridona?
E tenta se colocar no lugar do outro, tenta te imaginar numa situação em que alguém quer te impedir de beijar, de acariciar ou de apenas pegar na tua mão.
Tenta ao menos respeitar o amor do próximo.

02.11

Julhy Van Den Berg

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Eu pensei que estava pronta pra dizer adeus, pra deixar seguir em frente, me deixar seguir… Achava que ficaria tudo bem, o ar era mais leve, o céu mais bonito, porém quando me dei conta estava jogada no chão, chorando, cheirando a álcool, procurando o isqueiro antigo, me embriagando de café todas as manhãs para finalmente continuar de pé.
Era uma dor sem fim, a tristeza me atravessava o peito! Estava, sem sombra de dúvidas, arrependida de te mandar ir. E os pensamentos começavam a me rodear, que eu poderia ter aguentado um pouco mais, nem era tão difícil assim, o ruim é não te ter.
No entanto depois de umas temporadas de séries idiotas, manhãs de ressaca, mensagens e ligações que me fizeram quase morrer de arrependimento no outro dia eu descobri que não vou morrer disso. “Se não morri de ressaca, não é de amor que vou morrer” essa é a frase de camisa barata mais certa de todas. E olha que esses dias quase morri de ressaca!
Ainda estou me embriagando de café pra conseguir ficar de pé no trabalho, ainda tenho as tristezas todas as noites antes de dormir, fico aflita porque quando meu telefone toca ainda penso que é você… Mas uma hora isso acaba, ele vai tocar e vou pegar ele, sem nem pensar ou imaginar que tu perderias teu tempo indo na minha janela e digitando ao menos um oi. Os ainda’s vão todos embora, junto contigo.
Talvez eu não estivesse pronta pra te dizer adeus, mas foi preciso, antes que nos afogássemos nos silêncios e achismos.

Meu recinto

Julhy Van Den Berg

​Era tarde de sábado e um corpo começava e se despir, o nervoso me atingia com força, meus movimentos eram automáticos, porém começaram a ser naturais.
Com a cabeça fervendo eu nem acreditava no que estava acontecendo, nossos corpos dançavam, um sobre o outro, tua língua percorria meu corpo, chegava até meu clitóris e tu parava pra me perguntar “É assim que você quer?”
Era exatamente daquele jeito, eu pedia mais forte e você me dava… Chupava seu peito, sua língua, gostaria de não ter parado.
Meu corpo gritava por um momento de descanso, minha buceta gritava por você. Da tua boca o gemido, depois então o gozo. Teu olhar perdido, tua mão chegava ao encontro. Era uma dança maravilhosa, um sexo gostoso. Os corpos gritando e depois parando.
Teu sabor era esplêndido, uma pena eu ter esquecido. Mas tua vulva? Essa jamais sairá do meu recinto.​

Nota 02.16

Julhy Van Den Berg

Eu te vejo cheia de cobertas e vestidos longos, mas da minha cabeça nunca vai sair a imagem de você nua, cavalgando sobre mim, com a testa franzida e o lábio levemente levantado para o lado esquerdo, me puxando para o beijo um pouco antes do teu clímax, teu gozo.
Eu te vejo sorrindo, dona do próprio corpo, esse que ninguém mais pode tomar como posse, cheia de si, finalmente cheia de si. Isso me assusta um pouco.
Eu te vejo andando, confiança, sorriso estampado no rosto, marcas no corpo de uma alma que já viveu.
Eu te vejo cheia das cobertas que hoje imprimem aos meus olhos tua alma desnuda, teu corpo gritando, tua boca gemendo e teu olhar pulsando.
Hoje te vejo e sinto saudade, dos dias difíceis, das noites em claro.

A beleza

Julhy Van Den Berg

A beleza não está nos olhos de quem vê e sim no coração de quem sente.
Sentir ou não sentir, eis aqui a questão!
Gosto dos olhos abertos, um dentro do outro.
Amo o barulho do coração batendo forte no peito, os pulmões que se enchem e esvaziam.
Te amo.
Gosto da tua boca, tua língua passando pela minha, tua vulva gritando meu nome, chamando minha boca.

A beleza não está nos olhos de quem vê e sim no coração de quem sente.
Nos dedos de quem toca, no quadril de quem rebola, cavalga.
Na mão que corre despercebida e sem rumo no corpo do outro, nas pernas que se cruzam.
Sentir, arrepiar, espasmar.
Te quero!

Um encanto

Julhy Van Den Berg

Sonhei contigo, na verdade foi mais uma grande lembrança. Estávamos juntas, abraçadas e eu podia ouvir teu coração batendo tão forte que silenciava o meu, teu corpo suado em cima de mim, tua cabeça sobre meu ombro e teu sorriso lindo, aberto de ponta a ponta. Adoro isso.
Acordo e começo a me recordar os momentos contigo… Gosto quando tu para e olha no fundo dos meus olhos, também da maneira que se afasta um pouquinho para analisar teu próximo movimento. Adoro teu cabelinho balançando, tua mão no meu peito e tua boca na minha, é lindo quando tu respira fundo, morde o lábio e logo depois dá aquele sorriso torto. Eu perco o fôlego, me encanto.

Palavras do Príncipe

Julhy Van Den Berg

Minha mente está uma bagunça, realmente não sei por onde começar, tudo confuso e sem sentido, sem rumo. Cadê a Clara? Minhas mãos estão trêmulas e eu não consigo dormir, as lágrimas não param de cair dos meus olhos e ninguém me diz o que tenho que fazer. Estou procurando uma maneira de me redimir.
Desculpa não me apresentei, Teodoro é o meu nome, mas pode me chamar de Ted. Acontece que o desespero tomou conta de mim, eu consegui conquistar a minha felicidade, mas fui estúpido o suficiente para jogá-la fora… Conheci ou fiz Clara me conhecer na faculdade. Linda e maravilhosa, minha, porém fodi com tudo. Eu não consegui me livrar do resto, do mundo ao meu redor que todos os dias me mostrava algo novo, coisas que eu não quis abrir mão. Tenho uma coisa importante para fazer agora, é preciso que Clara me escute e ela não quer.
Criei em Clara um doença, mas prometo que quero tirá-la dessa, estou disposto a dizer toda a verdade, contarei do estudo que fiz, não pretendo mais machucar o meu amor e juro que depois disso ela será livre para ir e vir, encontrar alguém de que vai gostar de ser quem é e não um doente como eu, que busquei a aprisiona-la a minha realidade. Que não existe.
Tem algo pulsando na minha mente, ela não quer ao menos olhar na minha cara, o pai dela está por trás disso, mas eu já disse a todos, só quero uma última conversa. Mas graças a alguma coisa boa, Clara aceitou me encontrar e dar a mim uma chance de perdão ou não, é difícil saber o que se passa na mente dela. Odeio não conseguir lê-la, mas amo ao mesmo tempo.
Fui busca-la e nossa como o sono faz bem a ela, como minha ausência deixa-a incrivelmente maravilhosa. Olho os olhos descansados, parece que ela andou pegando sol, depois de tanto tempo tomando aqueles remédios ridículos, me parece que afastá-la das flores deu resultado. Poderia chorar de felicidade ao ver isso, se não estivesse tão nervoso e estático, o faria. Enfim estamos nos movendo.
Digo ao meu amor tudo, sem poupá-la dos detalhes, desde a primeira vez que a vi descendo as escadas do prédio principal da faculdade até vê qual pizza mais gosta, ela me olha nos olhos e vejo o medo e terror neles, peço que se acalme, mas então sinto tapas no meu rosto, creio que não conseguirei controla-la. Clara chora e diz que quer sair do carro, então eu digo para que ela respire, insisto em dizer que fiz tudo por amor, porém ela não compreende este sentimento, está cada minuto mais difícil de explicar. O que aconteceu comigo? Conosco? Então eu digo a ela que morreria por nós, mais por ela do que por mim, escuto xingamentos como psicopata, babaca, imbecil e outros.
O carro está cada vez mais rápido porque quero chegar a um lugar que Clara fique calma, perco o controle, capotamos, metade de mim morre. Então eu choro.
Digo a polícia que foi um acidente, nada demais acontece comigo, ainda. Sr. George se recusa a falar comigo ou a me deixar assistir o velório, enterro ou missa. Choro um pouco mais. O luto se tornou minha rotina, é impossível trazer Clara a vida novamente. Uma chance me bate a porta e meu ridículo sogro diz que terei a chance de ser perdoado. Ele me queria morto, o conseguiu. Engraçado.
O problema é que viver não me parece uma recompensa no fim das contas e sim um acerto de contas com Deus ou seja lá o que diabos as pessoas acreditem, me recuso a pagar esse preço, prefiro ainda a morte lenta ou rápida, mas aprecio a ideia de ser livre de todo e qualquer pensamento. Ao sair do hospital, onde fiquei em coma por um bom tempo, cuidei de providenciar minha própria morte e como conforto fiz questão de que o Sr. George tivesse nota disso, era o mínimo que poderia fazer.
Não foi algo tão elaborado que envolvesse cruz, flores, igreja e data e hora. Optei por um método mais simples e até eficaz. Arma, bala, cabeça, tiro, morte. Ainda não me executei, obviamente, pois preciso terminar isso aqui, tenho uns recados…

Para mamãe: perdão, não fui o filho que você sonhou, mas sempre te amei incondicionalmente.

Para Pai: deixe de ser esse eterno idiota, todos sabem das suas luxúrias assim como souberam das minhas, pare com isso ou acabe com tudo de uma vez.

Para Sr. George: aqui está o meu real pedido de desculpas, não concerta nada, mas espero que lhe traga um pouco de paz.

Para Clara: onde quer que esteja, espero te encontrar, meu amor.

Então é isso, adeus e tenha um resto de vida feliz.

Ted.