Relatos de uma crise

Julhy Van Den Berg

   Eu nem consigo me recordar de como foi a primeira vez, mas quando as lágrimas ficam impedidas de escorrerem novamente, lembro de como era o sentimento. Doloroso.
Fazia mais de um ano que eu não recebia essa visita, vem sempre sem avisar, me enforca e não solta, mesmo que eu peça, em silêncio, que pare. Claro que não vai parar.
Não consigo falar, pensar, respirar. Minhas mãos estão tremendo e eu estou impedida até de chorar. Que ridículo.
Quero vomitar, de novo. Mas também não consigo.
Eu sei o que deu gatilho para que esse monstro adentrasse a minha casa, essa que era feita de só paz, a maioria das vezes. Esse teto que me ensinou que eu era feliz sozinha, agora está escuro como a noite e repleto de gritos que vão caindo no meu ouvido dizendo “Você jamais será suficiente”.
É um dia inteiro disso, eu não quero morrer, mas os gritos dizem “Eu sei que você ainda pensa nisso”.
A noite chegou e o sono finalmente caiu nos meus olhos, acabou.

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