Descanso

Julhy Van Den Berg

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Abriu o olho um pouquinho e a luz lhe invadiu a alma, o sol forte brilhando pela janela tomava conta de todo o quarto e esquentava aquele corpo sonolento que estava tentando levantar, largar a cama, usar as pernas e caminhar até a geladeira, desbravá-la atrás de um copo de água bem gelada.
Pés descalços, camisa branca furada e short preto curto – esse que ela usava todos os dias para dormir – os cabelos eram um emaranhado de cachos que tinham uma forma engraçada, mas ela não ligava e até gostava, celular em uma mão e na outra um tique nervoso e bater na perna. Bebeu seu copo d’água e retornou para o quarto.
Voltou a descansar a cabeça no travesseiro, e tentava sem sucesso enterrar a mente nas músicas, mas a única coisa que lhe vinha na memória era aquele perfume maravilhoso de uma pele um tanto morena, que era acompanhada de um sorriso esplêndido, gargalhada assustadora e no canto aquelas covinhas charmosas que faziam toda a diferença. Ok, esqueça.
Há tempos ela tinha largado o café, as frituras, reduzido os doces e seu apetite tinha diminuído de maneira quase assustadora. Ela fechou os olhos.

Tudo era tão frio que seus dedos só não haviam congelado por conta do esfregar das mãos, olhando para todos os lados e correndo, parando às vezes para respirar, o que se tornava difícil com a temperatura.
Correu até o fim da rua estreita e seu objetivo era a caixa de correio, lá tinha um bilhete escrito com tanto ódio que era possível ouvir os gritos pelas palavras ali escritas, porém não se tinha conhecimento do que realmente constava naquele pedaço de papel.

Abriu os olhos, assustada e com calor.
Parecia tudo tão real, tão forte, a respiração ofegante a fazia pensar em cada atitude tomada naquele dia – ainda não vivido – e na semana. Então voltou a lembrar do perfume encantador e seus olhos voltaram a se fechar.
Descansai-vos.

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